A queda de estrogênio traz ondas de calor, secura vaginal, insônia e oscilação de humor para muitas mulheres entre 45 e 55 anos. Medicamentos e terapia hormonal ajudam, mas será que o prazer solo também pode fazer diferença? A resposta curta é: sim, masturbação regular pode amenizar vários desconfortos da menopausa — embora não substitua o acompanhamento médico.
Como o orgasmo influencia os sintomas
- Lubrificação e elasticidade vaginal
A excitação aumenta o fluxo sanguíneo nos tecidos pélvicos, estimulando glândulas que produzem um lubrificante natural. A prática frequente ajuda a manter a mucosa mais úmida e flexível, reduzindo dor na relação sexual penetrativa.
- Controle das ondas de calor e relaxamento
Após o clímax, o corpo libera oxitocina e endorfinas, hormônios que dilatam vasos e promovem sensação de bem-estar. Esse “pico” diminui a percepção de calor e facilita a queda da temperatura corporal necessária para adormecer.
- Fortalecimento do assoalho pélvico
As contrações rítmicas do orgasmo funcionam como ginástica involuntária dos músculos que sustentam bexiga e útero, ajudando a prevenir escapes urinários — que tendem a aparecer nessa fase da vida.
- Humor e saúde mental
A dopamina liberada durante o estímulo genital atua como “recompensa” no cérebro, espantando ansiedade e irritabilidade. Estudos relacionam orgasmo regular a menor risco de depressão em mulheres no climatério.
Dicas práticas para aproveitar o benefício
- Capriche no lubrificante
Opte por gel à base de água ou silicone para evitar fricção desagradável.
- Explore vibrações suaves
Vibradores de intensidade controlada aumentam o fluxo de sangue e exigem menos esforço manual; escolha modelos de material hipoalergênico.
- Faça pausas se houver dor
Desconforto persistente pode indicar atrofia vaginal severa; nesse caso, consulte o ginecologista para avaliar pomadas de estrogênio local.
- Combine com exercícios de Kegel
Contraia e relaxe o assoalho pélvico 10 vezes, três séries diárias. Isso potencializa o fortalecimento obtido durante o orgasmo.
- Mantenha ritmo
Duas a três sessões por semana já provocam adaptação positiva nos tecidos vaginais e no humor, segundo observações clínicas.
Limitações e cuidados
- Infecções urinárias recorrentes
Use o banheiro antes e depois da estimulação, higienize brinquedos e mãos para reduzir risco de cistite.
- Problemas cardiovasculares
O esforço sexual é leve, mas, se você tem doença cardíaca não controlada, peça liberação médica.
- Uso de terapias hormonais
Masturbação não substitui reposição de estrogênio em casos indicados, mas pode complementar o tratamento.
Quando buscar ajuda profissional
- Dor ou sangramento durante ou após a masturbação.
- Secura vaginal que não melhora com lubrificante.
- Perda persistente de libido afetando relacionamento.
- Sintomas depressivos ou ondas de calor intensas apesar de mudanças de estilo de vida.
Como aproveitar com tranquilidade
Reserve alguns minutos em ambiente tranquilo, experimente diferentes toques ou vibrações e observe como seu corpo reage. Combine o momento de autocuidado com boas práticas de sono, hidratação e, se necessário, converse com seu ginecologista para personalizar as estratégias de alívio.
Referências
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Aviso — Este conteúdo tem caráter exclusivamente informativo e não substitui consulta, diagnóstico nem tratamento realizados por profissional de saúde qualificado. Em caso de dúvidas, sintomas ou suspeita de doença, procure orientação médica ou dirija-se à Unidade de Saúde ou pronto-socorro mais próximo.