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Farmacêuticos brasileiros enfrentam um desafio diário: clientes que insistem em comprar antibióticos sem receita, acreditando que “não tem problema tomar só para garantir”. Mas essa prática, além de ineficaz para gripes e resfriados, está alimentando uma crise silenciosa de resistência bacteriana — um problema que já mata mais de 1 milhão de pessoas por ano no mundo.
No Reino Unido, uma pesquisa recente com farmacêuticos revelou que quase 90% deles são pressionados diariamente por pacientes em busca de antibióticos desnecessários. Embora a legislação brasileira proíba a venda sem receita médica desde 2010, o cenário nas farmácias brasileiras não é tão diferente, segundo relatos de profissionais e entidades de saúde.
Os antibióticos salvam vidas quando usados corretamente, mas o uso inadequado favorece a seleção de bactérias resistentes — ou seja, supermicrorganismos que não respondem mais aos remédios disponíveis. Isso transforma infecções simples, como uma infecção urinária ou uma amigdalite, em problemas graves, difíceis de tratar e que exigem internação hospitalar.
Estudos internacionais mostram que, se nada for feito, a resistência antimicrobiana pode se tornar a principal causa de morte no mundo até 2050, superando o câncer.
A ideia de “tomar logo para não piorar” não tem respaldo científico. Ao contrário: pode mascarar sintomas, atrasar o diagnóstico correto e gerar resistência.
Desde 2010, a Anvisa exige receita médica com retenção na farmácia para a venda de antibióticos. A medida foi adotada justamente para conter o avanço da resistência bacteriana. Farmacêuticos não podem prescrever esses medicamentos (salvo em protocolos específicos dentro de serviços de saúde), e estão autorizados a recusar a venda mesmo diante de insistência do cliente.
Na próxima vez que estiver gripado ou com dor de garganta, resista à tentação de pedir um antibiótico “só para garantir”. Busque orientação médica, siga as recomendações e lembre-se: preservar a eficácia desses medicamentos é uma responsabilidade de todos. A saúde da sua família — e das futuras gerações — depende disso.
THE GUARDIAN. Pharmacists face daily ‘inappropriate’ demands for antibiotics, survey finds. Londres, 6 maio 2025. Disponível em: https://www.theguardian.com/society/2025/may/06/pharmacists-face-daily-inappropriate-demands-for-antibiotics-survey-finds. Acesso em: 6 maio 2025.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). RDC nº 20, de 5 de maio de 2011. Dispõe sobre o controle de medicamentos à base de antimicrobianos. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/antimicrobianos. Acesso em: 6 maio 2025.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Antimicrobial resistance – Key facts. Genebra, 2024. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/antimicrobial-resistance. Acesso em: 6 maio 2025.
CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DE SÃO PAULO. Uso racional de antimicrobianos: guia para profissionais da saúde. 2023. Disponível em: https://www.saude.sp.gov.br/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/publicacoes. Acesso em: 6 maio 2025.
Aviso — Este conteúdo tem caráter exclusivamente informativo e não substitui consulta, diagnóstico nem tratamento realizados por profissional de saúde qualificado. Em caso de dúvidas, sintomas ou suspeita de infecção, procure orientação médica ou dirija-se à Unidade de Saúde mais próxima. Nunca tome antibiótico por conta própria.