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Estudo: Vacina contra herpes-zóster pode cortar risco de demência em 20%

O que o trabalho mostra

Um estudo publicado na revista Nature acompanhou 282 361 idosos no País de Gales que se tornaram elegíveis para a vacina contra herpes-zóster (Zostavax) a partir de 2013. Usando a data de nascimento como critério – o governo só ofereceu o imunizante a quem completava 79 anos – os pesquisadores criaram um “experimento natural” e compararam grupos praticamente idênticos.

  • Resultado principal: quem recebeu a injeção apresentou 20 % menos diagnósticos de demência nos sete anos seguintes.​The Guardian
  • O efeito foi mais forte entre mulheres e persistiu após ajustes para renda, doenças crônicas e uso de outros serviços de saúde.​San Francisco Chronicle
  • A proteção se manteve mesmo quando os cientistas usaram outros métodos estatísticos para descartar viés de “paciente mais prevenido”.​Nature

Por que importa

A demência, que engloba Alzheimer e outras doenças neurodegenerativas, afeta 57 milhões de pessoas no mundo e é a sétima causa de morte global, segundo a OMS.​World Health Organization (WHO) O número tende a disparar com o envelhecimento populacional, e não há medicamento capaz de reverter o quadro – daí o interesse em medidas de prevenção de baixo custo, como vacinas já aprovadas.

Hipóteses de mecanismo

Os autores levantam duas explicações prováveis:

  1. Menos inflamação crônica – ao impedir a reativação do vírus varicela-zóster, o imunizante reduziria surtos de inflamação que podem danificar neurônios.
  2. “Treino” do sistema imune – vacinas podem gerar respostas mais amplas, melhorando a vigilância contra processos que levam à perda cognitiva.
    Ainda não há prova direta de nenhuma hipótese; ensaios clínicos controlados serão necessários para confirmar causa e efeito.​The Guardian

E o Brasil?

  • A versão recombinante inativada (Shingrix), mais potente, é indicada pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) a partir dos 50 anos e para imunocomprometidos a partir de 18. Está disponível na rede privada; alguns estados discutem oferta pelo SUS em grupos de risco.​familia.sbim.org.br
  • O programa público ainda não incluiu nenhuma vacina contra herpes-zóster no calendário geral do idoso.
  • Preços variam, mas clínicas cobram em torno de R$ 900 por dose (são duas).

O que fazer agora

PassoOrientação prática
1Converse com seu médico sobre a vacinação, especialmente se já tem 50 anos ou doenças crônicas.
2Mantenha esquema atualizado de outras vacinas (gripe, Covid-19, dTpa). Elas também podem reduzir riscos indiretos para o cérebro.
3Não descuide do básico: controlar pressão, diabetes, colesterol e praticar exercícios segue sendo a melhor aposta comprovada contra demência.
4Acompanhe novos estudos – ensaios clínicos estão sendo planejados para confirmar o benefício antes de mudanças em diretrizes globais.

“É cedo para dizer que a picada evita Alzheimer, mas o sinal é robusto e, se for real, temos um reforço importante para aderir à vacina”, resume o epidemiologista Pascal Geldsetzer, da Universidade de Stanford, primeiro autor do artigo.​San Francisco Chronicle


Referências essenciais

  1. Eyting M. et al. “A natural experiment on the effect of herpes zoster vaccination on dementia.” Nature (2025). DOI: 10.1038/s41586-025-08800-x.
  2. The Guardian. “Study finds strongest evidence yet that shingles vaccine helps cut dementia risk.” 2 abr 2025.
  3. Stanford Medicine News. “Study strengthens link between shingles vaccine and lower dementia risk.” 28 mar 2025.
  4. Organização Mundial da Saúde. “Dementia – Fact Sheet.” Atualizado mar 2025.
  5. Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). “Vacina herpes-zóster recombinante inativada – guia 2025.”

(Este texto tem caráter informativo e não substitui avaliação médica individual.)